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terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Anarquistas virtuais no Facebook


CORNAS AZEITEIRAS RICAMENTE LAVRADAS - A da esquerda, com motivos de caça e motivos geométricos, tem a abertura vedada por uma tampa de chifre e madeira. Visando facilitar o transporte, uma correia liga as duas extremidades da corna. A da direita, com motivos florais e campestres, tem a abertura vedada por uma tampa, integralmente de chifre. Com vista ao transporte, tem uma correia presa a uma argola de chifre, a qual está presa a outra argola também de chifre, ligada á tampa. Nesta última argola se prende uma correia que sustenta a extremidade da tampa. Cortesia de Hernâni Matos.
A VIDA REAL
Supunhamos que eu era um anarquista à “Proudhon”, daqueles que visceralmente pensam que “A propriedade é o roubo”. Se eu porventura me atrevesse a apropriar de bens materiais pertencentes a outrem, caíam-me logo em cima “O Carmo e a Trindade”, eufemismo empregue para designar a opinião pública.
Numa sociedade democrática seria ainda alvo de procedimento criminal e teria que responder pelos meus actos perante a Justiça, pendendo então sobre a minha cabeça “a espada de Damocles” e eu teria de responder pelos meus actos.
Não podemos, pois, entrar em propriedade alheia e apropriamo-nos ou servirmo-nos de bens de outrem, ainda que estes estejam ali mesmo “à mão de semear”. E isto tanto é válido para um livro na estante duma livraria, como para um bife na banca dum talho, para um perfume numa prateleira duma grande superfície ou para um bacalhau pendurado à porta da mercearia da esquina.
O bem que nos interessa consumir tem que ser cedido pelo proprietário, mediante condições pré-existentes e que se traduzem no pagamento de uma quantia pré-fixada, correspondente ao valor atribuído pelo dono ao bem que pretendemos consumir. Pontualmente e duma forma controlada podem ocorrer desvios a este comportamento padronizado. São as chamadas “campanhas de promoção” ou “promoções” do género “pague 1 e leve 2”, bem como a oferta de determinada mercadoria na compra de outra, assim como a oferta de determinada mercadoria, quando o montante das compras atinge determinado valor.
Em suma: na vida real são estes os processos correntes para nos podermos servir de bens que não nos pertencem.

O FACEBOOK
E como é que deverá ser o nosso procedimento numa rede social como o Facebook?
Nos dias de hoje, comunicar é tão importante como respirar ou comer, tratando-se de um acto que deve ser assumido de uma forma ética. Hoje, não é admissível que ninguém, em nome de nenhuns pseudo-valores, tente rebaixar os outros, para se elevar a si próprio. Hoje e muito bem, fala-se em Ética da Comunicação.
Como Homens e Mulheres Livres, devemos ter respeito pela Dimensão dos Outros, bem como respeito pela Propriedade e muito em particular a Propriedade Intelectual. Um acto de comunicação na www, não pode ser um mero acto de corte e colagem. São atitudes que devem ser reprovadas pela Comunidade. A Elevação do Homem é fruto necessariamente do Trabalho e do Aperfeiçoamento, mas nunca da facilidade, nem do facilitismo.
Significa isto que quando na nossa página do Facebook, editamos uma imagem retirada do álbum de fotografias de alguém com quem temos amizade virtual, devemos ter permissão para o fazer. É então ético pôr no final da legenda da imagem, a indicação “Cortesia de … (segue o nome)". É excepção a partilha de imagens ou vídeos no Facebook, uma vez que a “função partilha” revela imediatamente a página de onde ela foi realizada.
Estas considerações produzidas a “talhe de foice” resultam do facto de eu ter encontrado imagens editadas por mim em álbuns meus e neste blogue, algumas delas com traços inconfundíveis e outras mesmo de objectos pessoais, num álbum de um amigo virtual, cuja página visitei na sequência duma postagem sua. As datas associadas às imagens não deixam margem para dúvidas de que fui eu, quem as editou primeiro. A apropriação de imagens sem a indicação de “Por cortesia de… “, é assim como que um “gato escondido com rabo de fora”. E olhem que às vezes “no melhor pano cai a nódoa" …
Como este post tem uma função pedagógica e procura que os bem-intencionados arrepiem caminho, é acompanhado de legendagens que considero eticamente correctas.


CÁGUEDAS - Fechos de coleira de gado com chocalhos suspensos, maioritariamente feitos em madeira, embora também os haja de corno e de cortiça. Cortesia de Hernâni Matos. 
TALÊGO – Saco geralmente multicolor, de tamanho variável, confeccionado pelas mulheres com as sobras dos panos usados na confecção de saias, blusas e aventais ou mesmo de roupa velha que se tinha deixado de usar. Cortesia de Hernâni Matos. 
O PASTOR - Aguarela de ALBERTO DE SOUZA (1880-1961), utilizada no cartaz e na capa do catálogo da Feira-Exposição de Maio de 1927, em Estremoz. Cortesia de Hernâni Matos. 
A SEMENTEIRA NO ALENTEJO, NO INÍCIO DO SÉCULO XX - Postal edição Malva (Lisboa). Cortesia de Hernâni Matos.  
O DIA DA ESPIGA - Bilhete-postal ilustrado dos anos 20 do século XIX, reproduzindo ilustração de A. Rey Colaço. Cortesia de Hernâni Matos.  
Postal publicitário editado pela Companhia União Fabril com o slogan "O POVO DOS CAMPOS FELIZ POR ADUBAR COM SUPERFOSFATOS DA CUF E COM SULFATO DE AMÓNIO". 
CAMPONESA ALENTEJANA - Roberto Nobre, (1903-1969). Ilustração da capa do magazine "Civilização", número 17, de Novembro de 1929. 
TARRO – Recipiente em cortiça, com tampa, destinado a transportar e conservar os alimentos. Altura 11 x Diâmetro 24 cm. Museu Nacional de Etnologia. 
CHAVÕES – Marcadores em madeira, usados para marcar o pão ou bolos. Museu Municipal de Estremoz.

6 comentários:

  1. Olá Hernâni, como sempre o homem, o professor e o amigo do amigo, nos surpreende, pela positiva, e nos sugere como nos devemos "postar" neste novo mundo virtual que é uma continuidade das nossas relações de amizades no real.
    Concordo plenamente e aqui deixo o meu testemunho, a minha amizade e um abraço.
    Domingos António Xarepe

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  2. Obrigado Domingos, pelo teu estimulante comentário.
    Eu perfilho convictamente a ideia de que o mundo virtual tem que eticamente reflectir o mundo real. Foi essa a mensagem que tentei fazer passar.
    Um abraço para ti.

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  3. Olá Hernâni.

    O assunto em questão é recorrente, mas a realidade demonstra que a discussão é inconsequente. Na verdade, toda e qualquer produção depositada na Internet passa a ser propriedade pública, na maior abrangência possível do termo.
    Falando da minha atitude em relação ao assunto, tenho por hábito identificar a autoria do conteúdo, seja ele qual for, sempre que possível. No entanto, confesso que o máximo que posso fazer na maior parte dos casos é identificar a sua origem, que nem sempre corresponde à autoria. Ainda assim, se dúvidas me são sugeridas, coloco um "via Fulano" - exceptuando os casos flagrantes de blogs que, como eu, vampirizam a produção alheia. Mas faço-o apenas por uma questão de decoro.

    Não vem grande mal ao mundo desta forma de actuar, a de "roubar" o conteúdo e divulgá-lo.
    Na minha opinião, é quase um dever nosso, produtores-consumidores de conteúdos, o de oferecer a nossa produção ao mundo. Tomando como exemplo a minha produção - que não me dá muito trabalho, mas que já foi mais "profunda" - partilho-a segundo uma licença Creative Commons BY-NC-SA, que significa que qualquer pessoa pode usar os conteúdos por mim produzidos e adaptá-los, partilhá-los, usá-los da forma que bem entender, desde que não o faça de forma comercial e que os disponibilize nas mesmas condições.

    No fim de contas, é isso que faz a WWW. No fim de contas, é para isso que cá estamos, se pensarmos bem. Caso contrário, escreveríamos um livro.
    O seu blog vai bem, e aconselha-se. Deixe o mundo apropriar-se dele, que é o melhor que lhe pode acontecer. Porque, pensemos: Quanto do que fazemos é, realmente, original?

    Um abraço.
    CJT

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  4. Caro Hernâni,

    Aproveito para referir que na zona das minhas origens, as cornas eram usadas para transportar os condutos, azeitonas, queijo, toucinho, chouriço, etc, que os ganhões comiam com o pão de trigo, este amassado pelas próprias mulheres. Estas cornas eram transportadas em alforges, ou nos ombros dos trabalhadores, ou pendurados nas albardas que os jumentos transportavam.

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    Respostas
    1. Abílio:

      Obrigado pelo seu comentário.
      Por aqui era o mesmo.
      Cumprimentos.

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