quarta-feira, 3 de julho de 2024

Carlos Alberto Alves distinguido com menção honrosa na FIA – Lisboa 2024

 

Fotografia de Tiago Martins

O barrista estremocense Carlos Alberto Alves foi hoje distinguido com uma das três menções honrosas atribuídas pelo Júri do Concurso de Artesanato FIA - Feira Internacional de Lisboa 2024, na modalidade de Artesanato Tradicional. A distinção do júri incidiu sobre a figura composta do Figurado de Estremoz, designada por “Cante alentejano”. O barrista está de parabéns e com ele a cidade de Estremoz, em cuja comunidade bonequeira se insere.

RESULTADOS GLOBAIS DO CONCURSO DE ARTESANATO FIA LISBOA 2024

Ao fim da tarde de hoje, foram divulgados os resultados do Concurso de Artesanato FIA - Feira Internacional de Lisboa 2024.
As distinções atribuídas pelo Júri foram:

Artesanato tradicional
1º Prémio: Fernando de Araujo Pereira | Peça: Alforge Tradicional Barrosão | Stand: 2C55
Menções Honrosas:
Marta Teixeira da Cruz | Peça: Colcha de Labirinto | Stand 2G50
Carlos Alberto Alves | Peça: Cante Alentejano | Stand: 2A37
Maria da Conceição Medeiros | Peça: Superação | Stand: 2G32
Artesanato Contemporâneo
1º Prémio: Catarina Tudella | Peça: Albarrada | Stand: 2C01
Menções Honrosas:
Isabel Carneiro | Peça: Tiara da Deusa Grega Gaia | Stand: 2E54
Telmo Roque | Peça: Faca para cogumelos Alcaide | Stand: 2A46
Teodolinda Semedo | Peça: Abeira | Stand: 2A55

A composição do júri foi a seguinte:
- Leandro Coutinho (FPAO - Federação Portuguesa de Artes e Ofícios)
- Alexandre Oliveira (IEFP - Instituto Emprego e Formação Profissional)
- Rita Jerónimo (DGARTES - Direção-Geral das Artes)
- Graça Ramos (Portugal à Mão)
- Teresa Costa e equipa (ADERE-Certifica)
- Luis Rocha (CEARTE - Centro de Formação Profissional para o Artesanato e Património)

Em comunicado distribuído, a Direcção da FIA Lisboa agradece a todos os concorrentes pela participação nos Concursos de Artesanato da FIA LISBOA e dá os seus sinceros parabéns a todos os premiados. Informa ainda que as peças premiadas se encontram expostas a partir de 4 de Julho na entrada do Pavilhão 2.
A entrega de Prémios terá lugar na 6ªfeira, dia 5 de Junho às 18 h, no Auditório FIA – Pavilhão 2

IMPORTÂNCIA E SIGNIFICADO DOS PRÉMIOS
De acordo com Teresa Costa e equipa (ADERE-Certifica), “A equipa ACERTIFICA entende que o concurso de Artesanato promovido pela FIA, é por um lado um incentivo à criatividade dos artesãos, por outro lado um reconhecimento do seu trabalho, quer seja uma peça tradicional, quer seja contemporânea, dando notoriedade às suas produções. Participar é sempre o mais importante”
Segundo Luís Rocha (CEARTE), “Os Prémios de Artesanato da FIA são um instrumento importante para valorizar, promover e celebrar os artesãos e o artesanato português.
Distingue, dos artesãos participantes na FIA, aqueles que se destacam pelas suas produções, sejam de natureza tradicional ou contemporânea, reconhecendo deste modo o exímio domínio do saber-fazer artesanal de que os artesãos são detentores, bem como, no contemporâneo, a sua capacidade para apresentar novas soluções, novos materiais e a conjugação do tradicional com a contemporaneidade.
Ao promover artesãos e o artesanato, contribui para a criação de valor a afirmação do valor patrimonial, cultural identitário, e económico do artesanato português.”

sexta-feira, 28 de junho de 2024

Adagiário dos Santos Populares Portugueses

 



As actividades agro-pastoris e pescatórias estão associadas ou são balizadas por determinadas datas, tanto do calendário juliano como do calendário hagiológico. Daí não ser de estranhar que os nomes dos Santos Populares integrem o adagiário português.

Santo António (13 de Junho)
- Dia de Santo António vêm dormir as castanhas ao castanheiro.
- Não peças água a Luzia e a Simão, nem sol a António e a João, que eles tudo isso te darão.

São João (24 de Junho)
- A chuva de S. João, bebe o vinho e come o pão.
- A chuva de S. João, tolhe o vinho e não dá pão.
- Água de S. João, tira o vinho e não dá pão.
- Ande o Verão por onde andar, pelo S. João cá vem parar.
- Até S. Pedro, o vinho tem medo.
- Cavas em Março e arrenda pelo São João, todos o sabem, mas poucos o dão.
- Chuva de S. João, acaba com o vinho e não ajuda o pão.
- Chuva de S. João, talha vinho e não dá pão.
- Chuva pelo S. João, bebe o vinho e come o pão.
- Chuvinha de S. João, cada pinga vale um tostão.
- Do Natal a São João, seis meses são.
- Em Abril queima a velha o carro e o carril, uma camba que ficou, ainda em Maio a queimou e guardou o seu melhor tição para o mês de São João.
- Em dia de São Pedro, vê o teu olivedo e se vires um bago espera por um cento.
- Galinhas de S. João, pelo Natal poedeiras são.
- Galinhas de São João, pelo Natal ovos dão.
- Guarda pão para Maio, lenha para Abril e o melhor tição para o S. João.
- Lavra pelo S. João e terás palha e pão.
- Lavra pelo S. João se queres ter pão.
- Lavra pelo São João se queres ter palha e pão.
- Maio louro, mas nem muito louro e São João claro como olho-de-gato.
- Março amoroso, Abril chuvoso, Maio ventoso, São João calmoso, fazem o ano formoso.
- Março chuvoso, S. João farinhoso.
- Março duvidoso, S. João farinhoso.
- Março molinhoso, S. João farinhoso.
- Não peças água a Luzia e a Simão, nem sol a António e a João, que eles tudo isso te darão.
- Ouriços do S. João, são do tamanho de um botão.
- Pelo S. João, a sardinha pinga no pão.
- Pelo S. João, ceifa o teu pão.
- Pelo S. João, deve o milho cobrir o cão.
- Pelo S. João, figo na mão, pelo S. Pedro, figo preto.
- Pelo S. João, lavra e terás palha e pão.
- Pelo S. João, perdigoto na mão.
- Pelo S. João, semeia o teu feijão.
- Pelo São João, foice na mão.
- Pintos de S. João, pela Páscoa ovos dão.
- Porco, no São João, meão; se meão se achar, podes continuar; se mais de meão, acanha a ração.
- Quando Jesus se encontra com João, até as pedras dão pão.
- Quando o vento ronda o mar na noite de S. João, não há Verão.
- Quem quiser bom melão, semeia-o na manhã de São João.
- S. João e S. Miguel passados, tanto manda o amo como o criado.
- Sardinha de S. João, já pinga no pão.
- Se bem me quer João, suas obras o dirão.
- Se queres ter pão, lavra pelo São João.
-Tem o porco meão pelo S. João.

São Pedro (29 de Junho)
- Até São Pedro, há o vinho medo.
- Dia de São Pedro, tapa o rego.
- Dia de São Pedro, vê o teu olivedo; e, se vires um grão, espera por cento.
- Nevoeiro de São Pedro põe em Julho o vinho a medo.
- Pelo São Pedro vai ao arvoredo; se vires uma, conta um cento.

quarta-feira, 19 de junho de 2024

Os dias de verão - Sophia de Mello Breyner Andresen





Os dias de verão

Sophia de Mello Breyner Andresen (1919-2004)


Os dias de verão vastos como um reino
Cintilantes de areia e maré lisa
Os quartos apuram seu fresco de penumbra
Irmão do lírio e da concha é nosso corpo

Tempo é de repouso e festa
O instante é completo como um fruto
Irmão do universo é nosso corpo

O destino torna-se próximo e legível
Enquanto no terraço fitamos o alto enigma familiar dos astros
Que em sua imóvel mobilidade nos conduzem

Como se em tudo aflorasse eternidade

Justa é a forma do nosso corpo


Sophia de Mello Breyner Andresen (1919-2004)

Hernâni Matos

#Poesia Portuguesa - 218

Nostálgica - Álvaro Feijó

 



Nostálgica
Álvaro Feijó (1916-1941)

Debruço-me no cais por sobre o rio,
vendo os navios partir,
vendo os navios voltar.
Vejo algum no horizonte e sigo a esteira
até ele ancorar,
e vou seguindo a esteira
dos que partem, até deixar
de os ver.
No cais há sempre gente!
Muita gente como eu que das viagens
só vê princípio e fim.

Álvaro Feijó (1916-1941)


#Poesia Portuguesa - 217

domingo, 16 de junho de 2024

Convite - Antunes da Silva

 


Convite
Antunes da Silva (1921-1997)


Vinde Ver A Primavera,
Vós Que Sois Da Minha Terra.
Na Raiz De Cada Chão
Nasce Um Canto Contra A Guerra.

Vinde Ver O Sol Fecundo
E Abraçar A Ventania.
Nas Vozes De Cada Fome
Há Gritos De Rebeldia
Vinde, Vinde!

Antunes da Silva (1921-1997)

Hernâni Matos


#Poesia Portuguesa - 216

NEO-REALISMO / MEMÓRIAS GUARDADAS / COLECÇÃO HERNÂNI MATOS

 


Créditos fotográficos:
Jorge Mourinha - Município de Estremoz

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Integrada no Programa Comemorativo “50 anos em Liberdade: Comemorações do 50º Aniversário da Revolução de Abril de 1974”, decorreu ontem na Sala de Exposições Temporárias do Museu Municipal de Estremoz Prof. Joaquim Vermelho, a inauguração da exposição de artes plásticas NEO-REALISMO / MEMÓRIAS GUARDADAS / COLECÇÃO HERNÂNI MATOS.

No acto inaugural, participaram cerca de 4 dezenas de convidados, cuja presença e afecto foi para mim gratificante. Presidiu ao evento, o Senhor Presidente da Câmara Municipal de Estremoz, José Daniel Pena Sadio, a quem agradeço as palavras amigas, bem como ao Chefe de Divisão, Hugo Guerreiro, o qual no mesmo sentido o antecedeu no uso da palavra.  Seguidamente, coube-me a mim igual papel, tendo agradecido as facilidades concedidas pelo Município. De resto e como não podia deixar de ser, procurei dar uma visão do que que foi o movimento neo-realista português, o modo como surgiu e porque surgiu, os seus marcos mais importantes, as lutas em que se envolveu antes do 25 de Abril, bem como as suas naturais implicações.

A terminar, orientei uma visita guiada à exposição, procurando facilitar a leitura e interpretação das obras dos artistas plásticos patentes ao público: Júlio Pomar, António Cunhal, Lima de Freitas, Júlio Resende, Manuel Ribeiro de Pavia, Cipriano Dourado, Rogério Ribeiro, Alice Jorge, Jorge de Almeida Monteiro, Espiga Pinto, Querubim Lapa e Aníbal Falcato Alves. No seu conjunto, as obras expostas são em número de 40 e distribuem-se por diferentes tipologias: desenho a grafite, desenho a tinta-da-China, guache, aguarela, técnica mista, serigrafia, linoleogravura, xilogravura, litografia, água forte e água tinta e colagem. A mostra estará patente ao público até ao próximo dia 15 de Setembro.

Hernâni Matos





































sábado, 15 de junho de 2024

Diário de bordo - Álvaro Feijó




Diário de bordo
Álvaro Feijó (1916-1941)

Letra a letra,
hora a hora,
linha a linha,
marquei no Diário de Bordo
as fases da viagem.

Dias e dias no embalar das vagas,
sem que um bafo de brisa poluísse
o abandono tentador das velas;
expedições forçadas, abordagens;
fome e sede de carne, nos jejuns
de cem dias de Mar;
velhos contos de bordo, em noites podres,
sem lua e sem estrelas;
o escorbuto na alma, apodrecida
à espera dos combates;
os rateios da presa recolhida
e, ao fim,
a Ilha dos Amores de qualquer porto
onde as mulheres se vendem.
E tudo foi, profundamente, inútil.

Livro de Bordo de Corsário, deixa
que o tempo apague a tua prosa inútil
e escreve a história imensa
daquela frota em que tu vais partir
– como pobre navio auxiliar –
à demanda e à conquista
do Novo Continente
!

Álvaro Feijó (1916-1941)


#Poesia Portuguesa - 215