quinta-feira, 14 de junho de 2018

Mulheres (de) Coragem - POR UM MUNDO MAIS JUSTO



Mulheres (de) Coragem - POR UM MUNDO MAIS JUSTO é o título da mais recente obra de Maria do Céu Pires, lançada no passado dia 9 de Junho, pelas 16 horas no Centro de Ciência Viva em Estremoz.  A apresentação do livro esteve a cargo da Professora Maria de Fátima Crujo.
A obra é constituída por um volume de capa mole, com grafismo de Raquel Ferreira, a partir de aguarela de Teresa Carvalho. Formato 16 cm x 23 cm, com 170 páginas. A edição é da Colibri e temo preço de lançamento de 14 euros, sendo posteriormente comercializada nas livrarias ao mesmo preço. 
A autora
Maria do Céu dos Santos Pires é natural de Portalegre, onde nasceu em 1960. Professora de Filosofia no Ensino Secundário, é licenciada em Filosofia pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa e Doutora em Filosofia pela Universidade de Évora. É Colaboradora do Pólo de Évora do Centro de Investigação “PRAXIS – Centro de Filosofia, Política e Cultura” da Universidade da Beira Interior. Desenvolve actividades no âmbito da Cidadania e dos Direitos Humanos, sendo Coordenadora do Grupo de Estremoz da Secção Portuguesa da Amnistia Internacional.
Participou nas seguintes obras colectivas: A dicotomia política esquerda-direita: a problemática da sua validade e actualidade (Organização de Victor Correia), Fonte da Palavra, 2012; Marginalidade e alternativa – vinte e seis FILÓSOFAS para o século XXI, (Coordenação de Maria Luísa Ribeiro Ferreira e Fernanda Henriques), Colibri, 2016.
É autora das seguintes obras: Pão e Rosas – Exercícios de Cidadania, Edições Colibri, 2012; Ética e Cidadania – um diálogo com Adela Cortina, Edições Colibri, 2015.
A obra
Trata-se de uma colectânea de 32 textos da autora que na Apresentação nos diz que “Este livro está organizado em duas partes distintas. A primeira in­tegra um conjunto de pequenos ensaios cuja origem se situa em trabalhos e comunicações realizadas em contexto académico nos Cursos de Mestrado e de Doutoramento em Filosofia na Universi­dade de Évora, entre os anos de 2008 a 2014. Inclui, igualmente, dois textos: "Para além do contrato social - o papel das emoções na vida política" que resultou da adaptação de uma comunicação apre­sentada na Faculdade de Letras da Universidade do Porto, em se­tembro de 2016, e "O papel do cuidado na Ética ambiental", adap­tado a partir de uma comunicação apresentada na Conferência "O que devemos ao futuro", promovida pela Sociedade de Ética Ambiental, em outubro de 2017, na Fundação Gulbenkian, em Lis­boa. Este primeiro momento termina com a recensão crítica da obra Filosofia e Género da autoria de Fernanda Henriques.
Ainda segundo a autora, “A segunda parte é constituída por textos que foram, original­mente, publicados no Jornal local "Brados do Alentejo" e no Jornal online "Tornado", entre 2016 e 2017. Trata-se de peque­nas notas biográficas sobre mulheres que se destacaram pelo seu pensamento e pela sua intervenção em diferentes épocas históricas e em diferentes áreas mas que, em muitos casos, foram remetidas ao esquecimento. Juntam-se igualmente outros textos cuja temática se centra em várias situações de discriminação, baseadas em questões de género.”
No Prefácio diz-nos André Barata, Professor da Universidade da Beira Interior: “Dona de uma linguagem cristalina, informada e filosoficamente conhecedora, com densidade mas sem nunca perder o cuidado para com a leitura a que se destina, Maria do Céu Pires capta neste livro esses dois registos – o do horizonte fechado de um passado de mulheres apenas clandestinamente pensadoras e o de um horizonte largo de aparecimento de grandes filósofas contemporâneas. Depois de Hannah Arendt, de alguma maneira percursora, ela que nem se revia na designação de filósofa, surgem outras pensadoras maiores, sem tutelas mais ou menos disfarçadas, que Maria do Céu Pires nos apresenta – Sheila Benhabib, Martha Nussbaum, Adela Cortina. Com estas pensadoras, este é também um livro que pensa o nosso tempo, com uma esplêndida capacidade de fazer perguntas que nos dizem respeito, por isso mobilizadoras, e que conduzem o leitor a caminhos de respostas possíveis.”


A autora Maria do Céu Pires, ladeada à esquerda pela apresentadora Maria de
Fátima Crujo e à direita pelo editor Fernão Mão de Ferro. Fotografia de 
António Júlio Rebelo.

Um aspecto da assistência presente na sessão de lançamento do livro no Centro
Ciência Viva de Estremoz. Fotografia de António Júlio Rebelo.

sábado, 2 de junho de 2018

O elogio das palavras – III


RUA DE NISA (1932).  Raquel Roque Gameiro Ottolini (1889-1970).
Aguarela sobre papel (41 x 50 cm).

LER AINDA

As palavras acompanham-nos continuamente, mesmo em sonhos.
Há sempre o risco de esquecer algumas palavras, pelo que nos podem faltar palavras.
É permitido revisitar palavras nossas e mesmo inventar palavras. O que não se deve fazer, é reproduzir palavras dos outros, como se fossem nossas. Tão pouco se devem deturpar palavras.
Por vezes há que poupar palavras, por uma questão de tempo ou de espaço. Não se deve é balbuciar palavras, porque é indício de insegurança.
É através de palavras que defendemos pontos de vista e damos ênfase àquilo em que acreditamos e àquilo de que gostamos. Também é através das palavras, que damos conta daquilo que rejeitamos e não nos agrada.
As palavras são armas com as quais nos defendemos de agressões verbais ou não. Mas são também armas de ataque com as quais praticamos também agressões verbais.
A utilização das palavras, nem sempre é ética, já que através delas é possível dissimular, confundir e mentir. O mesmo se passa em relação à possibilidade de através das palavras, se atemorizar, aterrorizar, intimidar e dominar.
Há palavras que encerram em si, o purismo da língua. Coexistem com outras que são regionalismos ou integram a gíria popular e o calão. Há ainda palavras que constituem neologismos, estrangeirismos ou internetês.
As palavras são pilares que sustentam a língua, como factor de identidade nacional.
As palavras são porto de abrigo. Nelas nos refugiamos, na fuga de tempestades e na procura de bonanças.
As palavras constituem uma tábua de salvação. A elas nos agarramos, quando tudo parece estar perdido.
As palavras sobrevivem à morte de quem as pronuncia. Se não todas, pelo menos algumas, através do seu registo, tanto escrito como falado.
As palavras têm alquimia. Com elas conseguimos transmutar o nosso estado de espírito e o estado de espírito de quem nos ouve.
A nobreza das palavras é desigual. Algumas têm nobreza como um touro Miura. E para aqui não é chamada a nobreza de sangue azul, que pouco mais é que coisa nenhuma. A nobreza não é monárquica. É uma atitude republicana.
As palavras têm carácter e têm que ser usadas com carácter. Uma das maiores tragédias sociais, é a falta de carácter de alguns que as usam, servindo-se de cargos para os quais erradamente foram designados.
As palavras exigem plena fidelidade à sua essência e à mensagem que lhes está subjacente. Traí-las é trair o texto, o que pode configurar uma atitude de rendição.
As palavras têm que ser frontais. Caso contrário, quem as profere, não tem as partes no sítio.
Há palavras para o tudo e palavras para o nada.
Há palavras para acabar com as palavras:
– PIM! O TEXTO CHEGOU AO FIM!
Jornal E nº 188 – 30-11-2017
Publicado inicialmente em 2 de Junho de 2018

quinta-feira, 31 de maio de 2018

O elogio das palavras - II


VOLTA DO MERCADO (1925) -  Raquel Roque Gameiro Ottolini (1889-1970).
Aguarela sobre papel (30x50 cm).

LER AINDA

Há palavras sólidas, como as há líquidas e até voláteis.
As palavras têm estrutura. Podem ser cristalinas ou amorfas.
As palavras são materiais com que moldamos, forjamos ou carpintejamos textos.
As palavras têm transparência ou não, já que também há palavras opacas.
As palavras têm brilho. Podem ser brilhantes ou baças.
É necessário saber escolher as palavras.
As palavras permitem gerar códigos e cifras.
As palavras permitem-nos comunicar com os outros. Através delas podemos transmitir emoções e sentimentos, bem como descrever situações, eventos e fenómenos.
As palavras não têm todas a mesma dificuldade. Há palavras mais fáceis e palavras mais difíceis.
Há palavras que são incontornáveis.
Há palavras sondas, com as quais formulamos perguntas, para saber o que os outros pensam.
As palavras pertencem a uma de dez classes gramaticais, reconhecidas pela maioria dos gramáticos: substantivo, adjectivo, advérbio, verbo, conjunção, interjeição, preposição, artigo, numeral e pronome.
As palavras têm género. Podem ser masculinas ou femininas. Não há palavras gays, nem lésbicas.
Há palavras que designam agrupamentos, enquanto que outras se referem apenas a um componente único.
A ortografia das palavras têm variado ao longo das épocas e as mudanças nunca são pacíficas, como acontece no presente, com o país partido em dois: os detractores e os defensores do novo acordo ortográfico.
As palavras podem ser características de uma época, ainda que haja palavras intemporais.
Em certos locais e em certas épocas, algumas palavras foram consideradas impróprias, constituindo tabu e sendo mesmo proibidas.
Há palavras características de cada profissão, mas há igualmente as que lhe são transversais.
Há palavras que são mais usadas num dado período da vida que noutros.
Há palavras características de cada regime. Umas são monárquicas, outras são republicanas.
A religiosidade das palavras é variável. Há palavras laicas e há palavras religiosas que alguns podem considerar mesmo santas ou sagradas. E há ainda a palavra de Deus, que repetidamente é invocada no culto.
As palavras têm mãos que ao entrelaçarem-se com outras, conferem consistência ao texto.
As palavras têm pés para encontrar e percorrer o seu próprio caminho.
As palavras são peças que fazem funcionar o texto.
As palavras são bicicletas que pedalamos e que nos permitem fazer caminho, à procura de um texto.
As palavras fazem-nos suar, porque nem sempre é fácil parir palavras que traduzam exactamente o que nos vai na alma.
As palavras são arados. Com eles lavramos a terra-mãe do pensamento.
As palavras são as mensageiras do pensamento.
As palavras são arautos, tanto de boas como de más notícias.
As palavras são escadas que ligam os patamares do texto.
As palavras servem de ponte, umas às outras.
As palavras são cerejas, que puxam umas pelas outras.

Jornal E nº 187 – 16-11-2017
Publicado inicialmente a 31 de Maio de 2018

sábado, 26 de maio de 2018

I Jogos Florais do Jornal E de Estremoz (1.º Prémio - Poesia Livre)



1.º PRÉMIO - POESIA LIVRE
Pseudónimo: Bonecos de Estremoz
(Fernando Máximo – Avis)

Bonecos de Estremoz

Bonecos de Estremoz são
O melhor da tradição
Que o nosso povo enaltece...
São vistos por toda a parte
Esta tão velhinha arte
A todos nós envaidece.

O idóneo bonequeiro
Idealiza primeiro
Aquilo que quer fazer...
Só depois, com muito amor,
Faz um arco ou um andor
O que mais lhe apetecer...

Após o barro amassado
Dá ele por começado
Um trabalho de primeira:
A samarra dum pastor
Ou um lenço multicor
No chapéu duma ceifeira.

Os seus dedos são tão ágeis
Que até as peças mais frágeis
Manuseia com destreza;
Depois da obra acabada
Por certo vai ser gabada
Disso tem ele a certeza...

Cenas do quotidiano
Compõe mais de cem ao ano:
Desde o cante na taberna
Aos afazeres da matança,
Mais os dias de festança
Ou uma cena mais terna...

Qualquer pedaço de barro
Serve p'ra fazer um tarro
Um rei ou uma rainha...
Um abegão, um pastor,
Um livro com uma flor
Um anjo ou uma santinha...

Depois da peça moldada
Como foi imaginada
E a fantasia convida,
Vai pintá-la com fervor
Dando-lhe assim outra cor
Para que tenha mais vida

E o mundo, surpreendido,
Ao vê-los, fica rendido
E agradece a quem os pôs
Para lá de Portugal
Dando fama mundial
Aos Bonecos de Estremoz...

I Jogos Florais do Jornal E de Estremoz (1.º Prémio - Poesia obrigada a Mote)




1.º PRÉMIO - POESIA OBRIGADA A MOTE
Pseudónimo: Carlos Miguel
(Joaquim da Conceição Barão Rato – Beja)

Mote

Bonecos de Estremoz são,
Em variada forma e cor,
Filhos d'arte de artesão
Que os modela com amor.
              António Simões


PATRIMÓNIO MUNDIAL

Vejo uma mulher fiando
Um pastor de manta ao ombro,
Vejo um presépio (que assombro...)
E lavadeiras lavando.
Um cavaleiro montando
Russo cavalo gingão,
Santa Isabel, São João,
Feitos no meu Alentejo,
E grito: Isto que vejo
Bonecos de Estremoz são!

O barro que se fez arte,
Património mundial,
De Estremoz, de Portugal,
Se espalhou por toda a parte.
Passou a ser baluarte
Desta expressão de valor,
Um garboso lavrador
Feito de barro pintado
É um sinal do passado
Em variada forma e cor.

E digo: seja estimado
Quem assim fabrica encanto,
Quem me põe olhos de espanto
Por todos seja saudado.
O simples barro afagado
É motivo de emoção,
Aquece-me o coração
Ver tão singelas figuras,
São carinhos, são ternuras
Filhos d'arte de artesão.

E sinto um orgulho infindo
Deste povo alentejano,
Do doce calor humano
Deste Alentejo tão lindo.
Dou por mim alegre, rindo,
Dou graças ao Criador
Por um boneco, uma flor,
De aspeto vivo, contente,
Que sai das mãos desta gente
Que os modela com amor.

terça-feira, 22 de maio de 2018

Jogos Florais: BONECOS DE ESTREMOZ - PATRIMÓNIO CULTURAL IMATERIAL DA HUMANIDADE



CONVITE

Tenho o grato prazer de convidar V.ª Ex.ª a honrar-nos com a sua presença na cerimónia de entrega de prémios aos galardoados nos Jogos Florais referidos em epígrafe, a ter lugar no Auditório da Escola Secundária da Rainha Santa Isabel, no próximo sábado, dia 26 de Maio de 2018, a partir das 11 h.
O convite é extensivo à participação no almoço de confraternização entre os envolvidos nos Jogos Florais, o qual terá lugar a partir das 13 h 30 min no Restaurante Cadeia Quinhentista, no Centro Histórico de Estremoz.
A participação no almoço custa 22 € e carece de inscrição, a qual deve ser feita até à próxima 5ª feira, dia 24 de Maio, através do email:  ejornaldeestremoz@gmail.com ou do telefone 937 274 775 (Hernâni Matos).

Ivone Carapeto
Directora do Jornal E

VENCEDORES DOS JOGOS FLORAIS

O Júri constituído pelos professores António Simões, Fátima Crujo e Francisca de Matos, após apreciar os trabalhos submetidos a concurso, deliberou atribuir os seguintes prémios:
Quadra
1.º Prémio – TROVADOR (Ernesto Lopes Nunes – Espadaneira).
2.º Prémio – ESTREMOCENSE (Ernesto António da Silva Maciel – Coimbra).
3.º Prémio – VICENTE (Aníbal dos Santos Quaresma – Cova da Piedade).
Poesia Obrigada a Mote
1.º Prémio – CARLOS MIGUEL (Joaquim da Conceição Barão Rato – Beja).
2.º Prémio – ZÉ-SIM (Domingos Freire Cardoso – Ílhavo).
3.º Prémio – TONHO (António Carlos Caixa de Oliveira – Estremoz).
Menção Honrosa – JOÃO MARTA (António Carlos Caixa de Oliveira – Estremoz).
Poesia Livre
1.º Prémio – BONECOS DE ESTREMOZ (Fernando Máximo – Avis).
2.º Prémio – ALDEÃO PASMADO (Joaquim da Conceição Barão Rato – Beja).
3.º Prémio – PRIMAVERA (Fernando Máximo – Avis).
Menção Honrosa -  LUÍS ESPANCA (Vítor Manuel Alves Fernandes - Corroios).

quarta-feira, 16 de maio de 2018

A NOITE MAIS LONGA DE TODAS NOITES



A NOITE MAIS LONGA DE TODAS NOITES é o título da mais recente obra de Helena Pato, a lançar no dia 23 de Maio pelas dezoito horas e trinta minutos, no Espaço Biblioteca Europa (antigo Cinema Europa), no Bairro de Campo de Ourique, em Lisboa. A apresentação está a cargo da Historiadora Irene Pimentel e do Escritor Mário de Carvalho.
A obra é constituída por um volume de capa mole, com grafismo de Raquel Ferreira sobre fotografia da Autora num comício em 1974. Formato 16 cm x 23 cm, com 260 páginas e 16 fotografias. A edição é da Colibri e tem o preço de lançamento de 15 euros, sendo posteriormente comercializada nas livrarias ao mesmo preço.
A autora
Helena Pato nasceu em Mamarrosa (Aveiro), em 1939. Militou activamente na Resistência, durante as duas décadas que antecederam a Revolução, tendo sido presa e detida várias vezes pela polícia política. Acompanhou o marido no exílio ate ao seu falecimento, em 1965. Em 1967 esteve presa seis meses na Cadeia de Caxias, sempre em regime de isolamento. Dirigente estudantil (1958 a 1962); dirigente política da CDE (1969 a 1970); fundadora do MDM (1969) e sua dirigente (1969 a 1971). Integrou o núcleo de professores que, durante o fascismo, dirigiu o movimento associativo docente (1971 a 1974). Fundadora dos sindicatos de professores (1974), foi dirigente do SPGL nos seus primeiros anos.
Licenciada em Matemática, a sua vida profissional foi dedicada ao ensino de crianças e de jovens e à formação docente: leccionou durante 36 anos no ensino público e publicou livros e estudos, no âmbito da Pedagogia e da Didáctica da Matemática. Coordenou Suplementos de Ciência e de Educação em jornais diários.
Dirigente do “Movimento Cívico Não Apaguem a Mem6ria” (NAM), desde 2008; presidente do NAM de 2012 a 2014. Em 2013 criou no facebook e coordena, desde então, a página “Antifascistas da Resistência” e o grupo “Fascismo Nunca Mais”. Publicou dois livros de mem6rias do fascismo: “Saudação, Flausinas, Moedas e Simones” (2005, Editora Campo das Letras) e “Já uma Estrela se Levanta” (2011, Editora Tágide).
A obra
Trata-se de uma colectânea de 60 estórias vividas pela autora durante o fascismo, algumas delas já publicadas e às quais acrescentou referências históricas, sociais e políticas, que as contextualizam.
No Prefácio diz-nos Maria Teresa Horta: “Obra de uma precisão exemplar e simultaneamente de uma beleza límpida no seu veio narrativo, enquanto tessitura de recordações assumidamente pessoais embora arreigadamente políticas (...). A Noite Mais Longa de Todas as Noites é pois uma obra tecida com o fio do júbilo dos ideais, mas igualmente com os acontecimentos vividos no nosso país, então asfixiado por uma longa, cruel e impiedosa ditadura. Sendo tudo isto elaborado com uma vivacidade e uma argúcia que nos leva a lê-la até chegar ao fim, para logo desejar tornar ao seu começo”.
Num dos Posfácios confessa Luís Farinha: “Nunca vi as comemorações do 1.º de Maio no Rossio de Lisboa, em tempo de clandestinidade, tão intensamente descritas (e vividas) como no relato de Helena sobre esse dia de 1962”.
No outro Posfáscio, observa Jorge Sampaio: “As estórias que Helena Pato vai contando, valem, primeiro, pela valência pessoal de sabor autobiográfico, de grande despojamento, sobriedade e elegância, mesmo se tal não é o principal propósito, e, depois, por serem o retrato de uma época de "resistência contra a ditadura"”.

Helena Pato, a autora.