terça-feira, 5 de dezembro de 2023
Lançamento do livro "O Motorista dos Cortes/Histórias da minha terra" de José Domingos Ramalho
sexta-feira, 10 de novembro de 2023
18 de Novembro, às 15:30, no Museu Berardo Estremoz: “António Telmo em Estremoz”
António Telmo em Estremoz
Dar a conhecer a vida, a obra
e o pensamento de António Telmo, filósofo e escritor que durante três décadas
viveu e leccionou em Estremoz, é o propósito da sessão “António Telmo em
Estremoz”, que se realiza no Museu Berardo Estremoz no próximo dia 18 de
Novembro, sábado, a partir das 15:30, numa parceria da Câmara Municipal deEstremoz com o Projecto António Telmo. Vida e Obra.
A abrir a sessão terá lugar a
apresentação, por Elísio Gala, ensaísta e professor de Filosofia na Escola
Secundária do Redondo, do livro A Glória da Invenção – Uma aproximação aopensamento iniciático de António Telmo, de Pedro Martins e Risoleta C.
Pinto Pedro, recentemente editado pela Zéfiro, que é também a chancela que
publica as Obras Completas de António Telmo. Mara Rosa lerá alguns excertos da
obra.
Depois, António CândidoFranco, escritor e professor da Universidade de Évora, fará uma intervenção
sobre António Telmo.
Por fim, uma mesa-redonda
moderada por Pedro Martins, e que conta com a participação de Elísio Gala,
Hernâni Matos, Ilídio Saramago, João Fortio, João Tavares, José Capitão Pardal
e Paula Capelinha dará a conhecer, entre outras vertentes, a relação do
cidadão, do escritor, do professor ou do bilharista com Estremoz e com outras
terras da região, igualmente marcantes na sua vida e na sua obra.
Durante a sessão, estarão à
venda obras de António Telmo ou sobre António Telmo e temáticas afins, editadas
pela Zéfiro.
António Telmo - Nota biográfica
António Telmo Carvalho Vitorino nasceu em Almeida
em 2 de Maio de 1927, vindo a falecer em Évora em 21 de Agosto de 2010.
Licenciado em Filologia Clássica pela Faculdade de Letras da Universidade de
Lisboa, dedicou-se profissionalmente ao magistério, leccionando em Beja, Évora,
Sesimbra (onde foi também o primeiro director da Biblioteca Municipal), Redondo
(onde, no início da década de 70 fundou, instalou e dirigiu a Escola
Preparatória – nas suas palavras «a primeira escola democrática em Portugal,
ainda antes do 25 de Abril») e Estremoz, onde, na década de 80, se viria a
radicar.
Foi um dos filósofos mais audazes, originais e
fecundos de Portugal. Discípulo de Álvaro Ribeiro, José Marinho, Eudoro de
Sousa e Agostinho da Silva (a convite dos dois últimos, durante cinco
semestres, entre 1966 e 1968, ensinará Latim e Literatura Portuguesa na
Universidade de Brasília), António Telmo desenvolveu ao longo de várias décadas
um pensamento da razão poética, num diálogo constante entre a poesia e a
filosofia, o símbolo e a ideia, a imaginação e a inteligência – em suma, entre
a alma e o espírito.
Hermeneuta pioneiro e genial, a este intrépido
livre-pensador religioso, que restituiu ao esoterismo o seu direito de cidade
no pensamento português da segunda metade do século XX, se ficou a dever,
na História Secreta de Portugal, a subtil decifração, à luz da
gnose templária, dos medalhões simbólicos do Claustro do Mosteiro dos
Jerónimos; e, outrossim, a desocultação da obra poética de Luís de Camões,
sobretudo de Os Lusíadas – sem esquecer o subtil diálogo de
aprofundamento e desvendamento que estabeleceu com o corpus poético e
teorético de Fernando Pessoa. Por outro lado, com a sua Gramática
Secreta da Língua Portuguesa, António Telmo demonstrou, segundo uma dedução
cabalística dos fonemas conforme às estruturas da árvore sefirótica, a natureza
de língua sagrada do idioma pátrio.
Na senda de seu mestre Álvaro Ribeiro, que via na
filosofia portuguesa uma confluência sintetizadora das três religiões
abraâmicas, António Telmo, descendente de gente de nação, chama a atenção
para a existência, entre nós, de um subconsciente hebraico, fruto do
recalcamento a que mais de dois séculos de manifesto terror inquisitorial
haveriam fatalmente de nos conduzir. Deste modo, o filósofo reelabora a kabbalah judeo-cristã
à luz de um marranismo de que toma progressiva consciência e que irá porventura
culminar na sua iniciação maçónica, a que estará subjacente um propósito de
rectificação da Arte Real já aflorado na História Secreta de Portugal,
mas bem patente nas derradeiras obras do filósofo.
António Telmo deixou colaboração esparsa por inúmeros
jornais e revistas, entre os quais se destacam o Diário de Notícias,
o 57 ou a Espiral. Além do ensaio, a sua obra
abarca ainda a ficção, a dramaturgia e a poesia, géneros literários que só
episodicamente cultivou, mas sempre com uma evidente preocupação filosofal.
Entre os títulos da sua biografia, contam-se os seguintes livros: Arte
Poética (1963); História Secreta de Portugal (1977;
reed. 2013); Gramática Secreta da Língua Portuguesa (1981); Desembarque
dos Maniqueus na Ilha de Camões (1982); Filosofia e Kabbalah (1989); O
Bateleur (1992); O Horóscopo de Portugal (1997); Contos (1999); Viagem
a Granada (2005); A Hora de Anjos Haver (2007); A
Verdade do Amor, seguido de Adoração, de Leonardo Coimbra (2008); Congeminações
de um Neopitagórico (2009); O Portugal de António Telmo (2010); A
Aventura Maçónica (2011); Sesimbra, o lugar onde se não morre (2011).
Em 2021 foi publicado em França Philosophie et
Kabbale, tradução em francês do livro Filosofia e Kabbalah, com o
selo de Éditions de La Tarente, prefácio de Sylvie e Rémi Boyer e ilustrações
de Lima de Freitas.
As suas Obras Completas estão em curso de publicação
na editora Zéfiro, com o apoio institucional e científico do Projecto António
Telmo. Vida e Obra.
Texto da responsabilidade do Projecto António Telmo. Vida e Obra
quarta-feira, 8 de novembro de 2023
CASA DO ALENTEJO, CULTURA, LIBERDADE E SOLIDARIEDADE - 100.º ANIVERSÁRIO
Integrado nas Comemorações do Centenário da Casa do Alentejo, terá lugar na sede desta casa regionalista, em Lisboa, no próximo dia 10 de Novembro (6.ª feira), a partir das 17 horas, a apresentação do livro Casa do Alentejo, Cultura, Liberdade e Solidariedade - 100.º aniversário. Digna-se presidir à sessão, Sua Excelência, o Senhor Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.
A apresentação do livro estará a
cargo de Ana Paula Amendoeira (Directora Regional da Cultura do Alentejo) e
Santiago Macías (Director do Panteão Nacional).
Com coordenação de Rosa Calado e
Fernando Mão de Ferro, o presente livro é um contributo de cerca de 50
investigadores para um melhor conhecimento do Alentejo e da histórica
“Embaixada Cultural” em Lisboa. Fundada por alentejanos que procuravam, através
do convívio, práticas culturais e acções solidárias, minimizar as saudades do
seu território e das suas gentes. 100 anos depois, a Casa do Alentejo continua
aberta ao Mundo, com os mesmos propósitos e valores, e as mais variadas
manifestações sociais e culturais, inspiradas nos valores da Paz, da Justiça
Social e da Liberdade.
O livro, editado por Edições
Colibri e pela Casa do Alentejo, tem 490 páginas de formato 22,0 cm x 28,0 cm,
com impressão a cores em papel couché de 135 grs. O livro pode ser adquirido na
Casa do Alentejo, nas edições Colibri e em todas as livrarias que distribuem
obras daquela editora. O preço de venda ao público é de 40 €.
CASA DO ALENTEJO, CULTURA, LIBERDADE E SOLIDARIEDADE - 100.º ANIVERSÁRIO
Índice
sábado, 7 de outubro de 2023
José Saramago, Prémio Nobel há 25 anos
domingo, 1 de agosto de 2021
Um amigo de há quarenta anos
quinta-feira, 18 de fevereiro de 2021
Hernâni: uma referência
segunda-feira, 15 de fevereiro de 2021
Uma vida ao serviço da Cultura Portuguesa
quinta-feira, 11 de fevereiro de 2021
Ferozmente independente
Homem das letras exactas
Sempre na linha da frente
Sem timidez nem bravatas
Aguçado pela ciência,
Com método positivo,
Vens construindo um arquivo
Com saber e paciência.
Um marco da resistência
Da cultura popular,
A alma da nossa gente.
É uma forma de lutar,
E contra a maré remar,
Ferozmente independente.
Um guardador de memórias,
Que se perdem hora a hora.
Tempos da outra senhora.
Entre bonecos e estórias.
Os sonhos do povo, as glórias
De um viver ancestral.
Boneco, selo, postal,
Juntando dados e datas.
Hernâni Matos, o tal
Homem das letras exactas.
Coisas simples, verdadeiras.
Dás ânimo às boniqueiras,
Que contemplas e acarinhas.
Tu sabes ou adivinhas
Como se fazem artistas.
Cada peça que conquistas
Também enriquece a gente.
És homem largo de vistas,
Sempre na linha da frente.
Alimentas as raízes
O que escreves e o que dizes,
Sempre antigo, é sempre novo.
Coisas com que me comovo.
Hernâni, homem de Abril,
Outono primaveril:
As belezas que retratas
São a arte pastoril,
Sem timidez, nem bravatas.
Manuel Calado
Borba, 3 de Fevereiro de 2021
domingo, 17 de janeiro de 2021
És alfaiate da palavra
Uma das muitas coisas que partilho com os outros é a escrita,instrumento
de libertação do Homem. Filho de alfaiate, aprendi a alinhavar palavras,que
permitem cerzir ideias com que se propagam doutrinas. Esse o sentido da minha
intervenção na blogosfera.
MATOS, Hernâni. Nós os subversivos
do Facebook.Blogue "Do Tempo da Outra Senhora".Estremoz, 11 de Setembro de 2010.
ÉS ALFAIATE DA PALAVRA
MOTE
És
alfaiate da palavra,
Do alinhavar ao cerzir,
É com ela a tua lavra
Para elogiar ou zurzir.
Talvez seja genética,
Essa arte de costurar!
A escrever ou a falar,
Não descuidas a fonética
E és bom na dialética.
Escrita também se alinhava,
Senão o texto escalavra.
É preciso ter jeito,
P’ra escrever a preceito
És alfaiate da palavra.
Após a
obra alinhavada
Com cuidado e atenção,
Passas à execução.
Atentamente verificada
A tarefa fica terminada
E depois de a concluir,
Divulgar e difundir,
Indagar atentamente
Se agrada ao cliente
Do alinhavar ao cerzir.
É trabalho fascinante,
Aprazível e libertador
Que exige algum labor,
Mas muito gratificante,
E também contagiante.
Sem o uso da palavra,
Como é que se comunicava?
Como é que a gente fazia
Ou como é que eu te dizia?
É com ela a tua lavra.
Que gostes da brincadeira,
É isso o que mais quero,
E ao menos assim espero.
Penso que não disse asneira
Nem te causei canseira.
É a maneira de exprimir,
Sem receio de mentir,
Que é do homem libertação
O uso da opinião
Para elogiar ou zurzir.
São Bento do Ameixial, 16/01/2021
Xico de São Bento
terça-feira, 17 de novembro de 2020
Poesia Portuguesa - 100
Fernando Pessoa (1888-1935)
Treze de Junho, quente de alegria,
Citadino, bucólico e humano,
Onde até esses cravos de papel
Que têm uma bandeira em pé quebrado
Sabem rir...
Santo dia profano
Cuja luz sabe a mel
Sobre o chão de bom vinho derramado!
O meu santo,
Se bem que nunca me pegasses
Teu franciscano sentir,
Católico, apostólico e romano.
Os cravos de papel creio que são
Mais propriamente, aqui,
Do dia de S. João...
Mas não vou escangalhar o que escrevi.
Que tem um poeta com a precisão?)
Que tu és o meu santo sem o ser.
Por isso o és a valer,
Que é essa a santidade boa,
A que fugiu deveras ao demónio.
És o santo das raparigas,
És o santo de Lisboa,
És o santo do povo.
Tens uma auréola de cantigas,
E então
Quanto ao teu coração —
Está sempre aberto lá o vinho novo.
Um austero, mas de alma ardente e ansiosa,
Etcetera...
Mas qual de nós vai tomar isso à letra?
Que de hoje em diante quem o diz se digne
Deixar de dizer isso ou qualquer outra coisa.
E não a vêem, de olhar só os ramos.
Chama-se a isto ser doutor
Ou investigador.
Tu és tu como nós te figuramos.
As bilhas que talvez não concertaste.
Mais que a tua longínqua santidade
Que até já o Diabo perdoou,
Mais que o que houvesse, se houve, de verdade
No que — aos peixes ou não — a tua voz pregou,
Vale este sol das gerações antigas
Que acorda em nós ainda as semelhanças
Com quando a vida era só vida e instinto,
As cantigas,
Os rapazes e as raparigas,
As danças
E o vinho tinto.
Nós somos todos quem nos quer o povo.
O verdadeiro título de glória,
Que nada em nossa vida dá ou traz
É haver sido tais quando aqui andámos,
Bons, justos, naturais em singeleza, Que os descendentes dos que nós amámos
Nos promovem a outros, como faz
Com a imaginação que há na certeza,
O amante a quem ama,
E o faz um velho amante sempre novo.
Assim o povo fez contigo
Nunca foi teu devoto: é teu amigo,
Ó eterno rapaz.
Deita-te noutra cama!)
Santos, bem santos, nunca têm beleza.
Deus fez de ti um santo ou foi o Papa? ...
Tira lá essa capa!
Deus fez-te santo! O Diabo, que é mais rico
Em fantasia, promoveu-te a manjerico.
Em tua vida real, por mal ou bem,
Que coisas, ou não coisas se te devem
Com isso a estéril multidão arraste
Na nora de uns burros que puxam, quando escrevem,
Essa prolixa nulidade, a que se chama história,
Que foste tu, ou foi alguém,
Só Deus o sabe, e mais ninguém.
O teu retrato, como está aqui,
Neste bilhete postal.
E parece-me até que já te vi.
O povo que não sabe onde é o céu,
E nesta hora em que vai alta a lua
Num plácido e legítimo recorte,
Atira risos naturais à morte,
E cheio de um prazer que mal é seu,
Em canteiros que andam enche a rua.
Sê sempre assim!
Deixa lá Roma entregue à intriga e ao latim,
Esquece a doutrina e os sermões.
De mal, nem tu nem nós merecíamos tanto.
Foste Fernando de Bulhões,
Foste Frei António —
Isso sim.
Porque demónio
É que foram pregar contigo em santo?
sábado, 26 de janeiro de 2019
Ante-Prefácio de Hernâni Matos ao seu livro "Bonecos de Estremoz"
que eu vejo no mundo escolhos
onde outros, com outros olhos,
não vêem escolhos nenhuns.
António Gedeão (1906-1997)
in poema “Impressão Digital”