quinta-feira, 20 de novembro de 2014

Estremoz - Defesa do Património - 7 (Conclusão)

O agora recuperado Palácio dos Marqueses de Praia e Monforte, em Estremoz, aqui em
fotografia de C.J. Walowski (1891). Arquivo do autor. 

A nível de património construído há coisas que nunca deviam ter acontecido no nosso concelho. De uma forma reduzida, cito: - As primeiras escavações arqueológicas da vila romana de Santa Vitória do Ameixial ocorridas entre 1915 e 1916, tiveram como consequência o desvio para Lisboa do famoso "Mosaico de Ulisses" que se encontra no Museu Nacional de Arqueologia de Lisboa; - Muralhas que em nome do progresso foram derrubadas no princípio do século passado, para o comboio chegar a Estremoz e a “notável vila” se poder expandir em determinadas direcções; - A classificação, por engano, como monumento nacional em 1922, da Capela de D. Fradique de Portugal na igreja de S. Francisco, em vez da Ermida do Senhor Jesus dos Inocentes, contígua aos antigos Paços do Concelho (Sala de Audiências de D. Dinis). O erro repetiu-se em 1924, quando foi classificada como monumento nacional, a Casa do Alcaide-mor, conhecida por Casa da Câmara, pensando que era os antigos Paços do Concelho; - O derrube da Igreja de Santo André, em 1960; - A ignorância completa da arqueologia industrial: lagares de azeite, lagares de vinho, moagens e fábricas de cortiça; - A não musealização de oficinas, tais como: albardeiro, alfaiate, barbeiro, carpinteiro, correeiro, encadernador, ferrador, ferreiro, latoeiro e de estabelecimentos como mercearia, padaria e taberna; - A degenerescência da arquitectura popular das casas de povoado das nossas freguesias; - A destruição da arquitectura popular de produção: moinhos, azenhas, noras, eiras, etc. 
O Património Cultural é tudo aquilo que nos pertence, que herdámos do passado ou que construímos hoje e que se torna imperativo preservar, transmitir e deixar como legado, às gerações vindouras, visando a permanência e a identidade cultural do povo. Daí ser importante a existência de Associações de Defesa do Património. 
A terminar esta série de artigos e porque não cultivo uma política de terra queimada, não quero deixar de salientar aspectos positivos de Defesa do Património local, fruto da iniciativa de várias entidades, entre elas, o Município de Estremoz: - A constituição do Museu da Alfaia Agrícola em 1987, bem como as tentativas goradas de musealização dum lagar de azeite (Veiros) e de uma olaria (Estremoz); - A reabilitação do Hospital Real de São João de Deus, ainda no século passado e mais recentemente do Palácio dos Marqueses de Praia e Monforte; - A candidatura dos Bonecos de Estremoz a Património Imaterial da Humanidade. 

Sem comentários:

Enviar um comentário